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Uso de nutrientes no pré-natal pode prevenir doenças cerebrais em bebês


Vitaminas pré-natais (Foto: Wikimedia Commons)


Um estudo realizado por um grupo de cientistas brasileiros foi divulgado na revista científica Nutrition Reviews, publicação da Universidade de Oxford, no último dia 14. O artigo relaciona o uso de nutrientes no período perinatal (28ª semana de gestação e a primeira semana de vida do bebê) com a redução de casos de doenças cerebrais.


A nutricionista Cintia Chaves Curioni, doutora em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autora principal da pesquisa, conversou com a Health Connections sobre os resultados e os rumos que os estudos podem tomar futuramente.


Um dos nutrientes investigados foi o sulfato de magnésio, usado por gestantes quando há suspeita de parto prematuro. Os pesquisadores avaliaram 17 casos de uso dessa substância e cinco deles mostraram que o nutriente é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento de paralisia cerebral. Assim, o grupo apontou que ele pode ser adotado como uma medida nutricional durante os pré-natais. "Essa é uma intervenção que, apesar de ser um nutriente, é mais utilizada por médicos neonatologistas", explica a nutricionista.


Ela acrescenta que também revisou estudos sobre o uso de outros nutrientes, mas que esses mostraram resultados muito variados.


"Portanto, nosso estudo foi crucial para demonstrar que existe uma lacuna na literatura, apontando a necessidade de novos financiamentos para estudar essas intervenções para, aí sim, ter elementos mais concretos para a proposição de uma linha de cuidado para a população que seja baseada em evidências."


Curioni conta que o interesse pelo tema vem de longa data e que o pontapé inicial do estudo foi uma iniciativa do Ministério da Saúde pela Atenção Nutricional na Rede de Atenção à Saúde.


"A ideia era reunir as evidências que existiam sobre o efeito das intervenções nutricionais para crianças com lesões cerebrais. Uma vez que havia possibilidade de especificar, resolvemos focar apenas na prevenção. Assim, juntamos as expertises necessárias (método e clínica) para conseguir responder a esse problema da melhor forma possível", completa.


Pesquisadora Cintia Chaves Curioni atua no Departamento de Nutrição Social da Uerj (Foto: CNPq Lattes)


PRINCIPAIS DOENÇAS CEREBRAIS PERINATAIS Em geral, as lesões não progressivas resultam em um grupo de desordens permanentes relativas ao desenvolvimento e à postura.


As consequências clínicas são variadas e dependem do tipo e grau de comprometimento do cérebro, podendo ser mais significativas em algumas crianças e ainda se apresentar em diferentes períodos da vida.


"É caracterizado por alterações que afetam a aquisição das habilidades e marcos do desenvolvimento neuropsicomotor. Podemos destacar o comprometimento motor, perda sensorial, deficiência intelectual, epilepsia e disfunção musculoesquelética", explica a doutora.


As principais encefalopatias dessa fase são:


  • Paralisia cerebral

Sua origem pode ser congênita, associada a anomalias do desenvolvimento durante o primeiro trimestre da gestação, ou adquirida, ocasionada por complicações perinatais ou pós-natais, como traumatismo adquirido durante os primeiros meses de vida.

  • Síndrome alcóolica fetal

Decorrente da ingestão alcoólica durante a gestação.


  • Microcefalia

Além da sua associação com o zika vírus, também pode ser causada por rubéola, toxoplasmose, sífilis e infecções pelo citomegalovírus.


(Foto: Isac Nóbrega/PR)


Sobre os rumos da pesquisa do grupo brasileiro, a nutricionista confirma que vale a pena seguir investigando o tema. "Caso seja necessário atualizar essa revisão mais na frente, acrescentando novos resultados, será um prazer", afirma Curioni.


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