A aceleração digital tornou-se quase obrigatória com as restrições geradas pela a pandemia do novo coronavírus. O que antigamente fazíamos presencialmente, como ir ao médico, hoje temos a possibilidade de fazer on-line. Essa é uma das contribuições da telemedicina para tornar a saúde acessível a qualquer hora e lugar.
De acordo com dados extraídos do aplicativo do Ministério da Saúde, o teleatendimento evita 64% das idas aos serviços de saúde presenciais, auxiliando a desafogar sistema. Em média, o Brasil já fez 1,7 milhão de consultas à distância, segundo dados compilados pela revista Exame.
Para o neurologista Jefferson Fernandes, vice-presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms) e presidente do Conselho Curador do Global Summit Telemedicine & Digital Health, “ficou claro a importância e os benefícios que a telemedicina e a telessaúde trouxeram. Basta ver o crescimento exponencial que tiveram mundo afora nestes últimos meses”.
Compartilha do mesmo pensamento o coordenador do TelessaúdeRS, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Roberto Umpierre. “No momento em que ficamos impedidos de circular, percebemos o quanto a teleconsulta poderia ajudar as pessoas”.
Teleconsulta x atendimento presencial
É preciso definir regras para garantir um bom teleatendimento. Segundo Umpierre, é primordial saber a localidade do paciente, ter o contato dele e identificar se a teleconsulta deve ser revertida em uma consulta presencial.
Fernandes ressalta que é preciso “novas competências dos acadêmicos de medicina e dos médicos para que possam endereçar os atuais e futuros desafios da saúde”.
A telemedicina propõe desafios inerentes as questões tecnológicas e comportamentais. Assim como em uma consulta presencial, procedimentos também são necessários.
“As habilidades de comunicação clínica devem ainda mais ser estudadas e implementadas na teleconsulta”, explica Roberto, que complementa: “assim como nos podemos ter uma consulta presencial que não é adequada...podemos ter uma consulta muito humanizada feita virtualmente. Depende muito mais da forma do que o meio do atendimento”.
Resistência à telemedicina
Na contramão dos estudos e pesquisas sobre os benefícios da telemedicina, ainda existem receios quanto a eficácia das consultas e a impossibilidade do exame físico.
“Em parte, isto é verdade e esta é uma limitação que deve estar clara a todos médicos, indicando ao paciente uma consulta presencial toda vez que existam componentes do exame físico que não possam ser feitos à distância. Esta afirmação já demonstra a existência de aspectos do exame do paciente que podem ser realizados remotamente”, argumenta Fernandes.
Para pacientes que o exame físico é fundamental, a teleconsulta precisará ser convertida. Umpierre destaca que “existem casos em que a telemedicina é muito mais aplicável e tem uma resolutividade maior. Para algumas especialidades é preciso de mais equipamentos ou não terão a resolutividade tão alta”.
Capacitação dos médicos
Quando perguntado sobre a necessidade de capacitar os profissionais, o médico da UFRGS diz que "não tenho dúvida de que é necessário”. Para ele, não basta o médico ser experiente ou um excelente clínico para fazer a teleconsulta.
Jefferson Fernandes diz que alguns elementos são fundamentais para a realização de uma teleconsulta humanizada: “Empatia, respeito, escuta e acolhimento, entendendo as circunstâncias sociais, educacionais e psíquicas do paciente e de sua família. Uma comunicação clara e o diálogo complementam esta interação e reforçam a relação médico-paciente, que não é diferente daquela quando a consulta é presencial”.
Comments