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Fatores socioeconômicos são mais determinantes em avanço da pandemia no Brasil do que comorbidades

Estudo publicado na The Lancet Global Health, “Efeito das desigualdades socioeconômicas e vulnerabilidades na preparação do sistema de saúde e na resposta à COVID-19 no Brasil: uma análise abrangente", mostrou que a propagação inicial de infecções e mortes por Covid-19 no país foi mais afetada por padrões de vulnerabilidade socioeconômica do que pela faixa etária da população e prevalência de comorbidade por doença crônica existente.


O documento traz uma avaliação da relação entre a disponibilidade de recursos de saúde em diferentes partes do país, as características socioeconômicas da população, como renda, moradia e emprego, fatores de risco para resultados adversos da COVID-19, como idade e carga de doença crônica, e vulnerabilidade socioeconômica, com o padrão de disseminação, resposta e desfechos da epidemia medido pelo número de óbitos por estado e município.


Crédito: eccaplan.com.br


Os resultados mostraram que locais com maiores taxas de vulnerabilidade econômica, correspondentes aos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que também contam com menos leitos de UTI por 100 mil habitante, apresentaram as maiores taxas de morte por 100 mil habitantes. A exceção é o Rio de Janeiro, que fica na região Sudeste, mas atingiu taxa semelhantemente alta.


O médico sanitarista Adriano Massuda, professor da Fundação Getúlio Vargas, é um dos autores do estudo e comentou o assunto durante o webinar Proqualis e Observatório Covid-19/Fiocruz. “Mesmo após 30 anos de SUS, ainda faltam leitos de UTI em algumas cidades. No Brasil, é fundamental ter SUS, mas não basta. É preciso enfrentar essa desigualdade social”.


Sobre o momento atual de grave crise sanitária provocada pela pandemia no país, o médico afirmou que, além das imensas disparidades econômicas que impactam os sistemas de saúde, também não houve uma coordenação nacional de resposta. “Não há UTI que funcione de forma adequada em um sistema de saúde colapsado”, acrescentou.


Curiosamente, as regiões com maior vulnerabilidade econômica e menos leitos de UTI, especialmente o Norte, foram as que tiveram as menores taxas de pessoas com fatores de risco para COVID. Esses estados, com maior Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), são aqueles em que o SUS oferece maior cobertura de serviços de atenção primária à saúde e que têm maior cobertura do programa Bolsa Família.



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