Para estimular o debate sobre telemedicina e tecnologias digitais na área da saúde antes do Global Summit Telemedicine e Digital Health (grande encontro internacional sobre o tema, que vai ocorrer em São Paulo, em 2020), renomados profissionais da área médica se reuniram no Warm Up "Saúde digital: a experiência de quem pratica".
No evento, que aconteceu no sábado, 14 de setembro, no auditório do Windsor Excelsior Hotel, em Copacabana, especialistas discutiram como as tecnologias exponenciais transformam a área da saúde, compartilhando os desafios da telemedicina e saúde digital no mercado brasileiro.
O moderador, Dr. Antonio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia da Informação da Associação Paulista de Medicina (APM), foi enfático: "precisamos acelerar. São dez anos na mesma resolução [Nº 1.643]. É preciso pressionar os dirigentes para avanços nesse tema".
A resolução Nº 1.643, do Conselho Federal de Medicina (CFM), autoriza o exercício da telemedicina para fins de pesquisa, assistência e educação em saúde ou, em casos de emergência, como um suporte diagnóstico e terapêutico. O texto, no entanto, prevê a presença de um médico no local de atendimento.
Em 6 de fevereiro de 2019, uma nova resolução (Nº 2.227) foi publicada, prevendo, entre outras atualizações, a regulamentação da teleconsulta. Ou seja, estariam autorizadas a realização de consultas médicas à distância, sem a necessidade da presença física de um médico no local de atendimento. Entretanto, logo após publicação do texto, foram enviados ao CFM 1.444 pedidos de alteração. Em 26 de fevereiro, então, a nova versão foi revogada.
A professora Alexandra Monteiro, coordenadora do Telessaúde UERJ, comentou que a resolução revogada foi muito estudada e traz avanços importantes, além de que, em sua opinião, muitos profissionais criticam sem ao menos terem lido o texto. Também levantou, no entanto, duas questões críticas. A primeira diz respeito à construção – não houve, segundo a médica, a articulação adequada com a comunidade e prestadores de serviço para explicar todos os pontos do documento. A segunda polêmica seria a questão da demarcação das áreas remotas, motivo de muita discussão nos fóruns e que precisaria ser melhor esclarecido e definido.
O coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital Pró-Cardíaco no RJ, Dr. Daniel Bezerra destacou que, a resistência dos médicos à resolução anulada se deve, em grande parte, pelo medo do novo, e acredita que, agindo com competência e responsabilidade, só há como avançar com a regulamentação da prática da teleconsulta.
GLOBAL SUMMIT
O neurologista Jefferson Fernandes, coordenador e moderador do evento e presidente do Conselho Curador do Global Summit Telemedicine & Digital Health, afirmou que a intenção é que sejam promovidos mais encontros como esse no Brasil e em outros países da América Latina até que seja realizado o evento principal – o Global Summit Telemedicine & Digital Health nos dias 2 a 5 Junho de 2020, em São Paulo.
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