No Complexo de Favelas da Maré, três coletivos, AMaréVê, Maré Vive e Maré 0800, se uniram, logo no início da disseminação da pandemia, para a formação da Frente de Mobilização da Maré, com o objetivo de comunicar, conscientizar e apoiar a população das 16 favelas da região, por meio de ações de enfrentamento ao novo coronavírus. Os bons resultados vieram e, hoje, ampliada, a iniciativa já conta com a parceria de mais oito associações (Casulo, Roça Rio, Ceasm, Museu da Maré, ONG Pra Elas, RatoPretoStudio LABirinto CriAtivo, Ativa Breakers Crew), além de, aproximadamente, 50 moradores. De acordo com Naldinho Lourenço, comunicador popular integrante do movimento, esses coletivos decidiram assumir a responsabilidade diante de um cenário em que as informações não são divulgadas de forma clara pelas autoridades do país em suas diversas instâncias e as condições de quem mora na favela são desfavoráveis, por conta das grandes aglomerações e do saneamento básico precário. “A comunicação comunitária passou a ocorrer de forma a aproximar a linguagem dos órgãos oficiais de saúde, como Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde, da população da favela, com mensagens e recados em texto sobre a importância de se proteger, de manter hábitos de higiene e respeitar o isolamento social”, explica Naldinho. Inicialmente, o movimento passou a fazer parte de um grupo de Whatsapp com outros inciativas de favelas de outros estados do Brasil, como Recife, São Paulo e Acre. As atividades incluem a produção de Cartazes, artes em panfletos A3, faixas com dizeres baseados em mensagens da OMS e carro de som que ficam expostos pelas ruas da favela, comércios, igrejas e associações. Além da parte de comunicação gráfica, há também a divulgação em carro de som de um áudio por semana, que é disseminado em favelas de todo o Brasil. E também fotos e vídeos que estão sendo divulgados nas redes sociais sob a hashtag #coronanasperiferias, sinalizando a importância da higiene e do uso da máscara para enfrentamento ao vírus.
Logo no início do projeto, cada integrante da frente ligou para seus contatos e juntos conseguiram arrecadar um valor para a confecção de cartazes. Outras organizações da Maré se organizaram para receber cestas básicas. A frente também recebeu a doação de kits de segurança, como máscaras apropriadas e materiais de higiene. Além disso, comerciantes locais e outras pessoas estão produzindo máscaras para uso próprio, doação e venda dentro da comunidade.
Uma das vertentes da frente, o Coletivo Rato Preto Estúdio, criou a conta de Instagram @coronafavelado, com vídeos que orientam a população. Um cartaz – Os números não mentem – foi afixado em um muro na Baixa do Sapateiro e é atualizado a cada dois dias.
Atualmente, de acordo com Naldinho, a frente já conseguiu chegar, com as ações de comunicação e carros de som, em, aproximadamente, 80 % do território da Maré. A meta é atingir a totalidade e conseguir ampliar também as doações de cestas básicas, kits de higiene e equipamentos de proteção individual para os moradores. Para doar, acesse: https://www.frentemare.com/doacoes
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