Um novo método é capaz de contribuir para acelerar a detecção do Acidente Vascular Cerebral (AVC), aumentando a chance de sucesso do tratamento: a Telemedicina. As novas tecnologias permitiram a aplicação desta modalidade também à área da saúde. A técnica prevê a utilização de modernos equipamentos de comunicação para a troca de informações e o fornecimento de atenção médica especializada a pacientes por profissionais de saúde, mesmo que não estejam fisicamente próximos.
No caso do AVC isquêmico, o sucesso e a importância do método se dão pela possibilidade de rápido diagnóstico. Isso porque a principal forma de tratamento agudo da doença, a trombólise através do RTPa (ativador de plasminogênio tecidual recombinante), é indicada até 4,5 horas após os primeiros sintomas do AVC. Após este período, o risco de hemorragia cerebral torna-se maior que o benefício da medicação. Assim, o suporte de profissionais experientes é fundamental na avaliação de risco-benefício para individualização do tratamento, com o objetivo de alcançar o melhor benefício sob baixo risco de complicações.
Então, se um paciente que sofrer um AVC der entrada em um hospital sem especialistas, as novas tecnologias de comunicação permitirão que seja avaliado por um profissional da área neurológica, o qual poderá fornecer diagnóstico mais preciso e protocolos completos para a execução da trombólise. Este apoio do neurologista, aplicado em um ambiente médico geral, certamente, otimizará o tratamento.
No Brasil, dois importantes hospitais fazem uso da Telemedicina: a Rede Sarah de Hospitais e o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Este último, com apoio do Ministério da Saúde, faz conexão com outros 14 hospitais públicos brasileiros, dentre eles, o Hospital da Posse, na Baixada Fluminense.
Há muitos desafios de implementação do método em função das dificuldades de reconhecê-lo como ferramenta institucional útil para solução de graves problemas de saúde pública. "Uma das grandes dificuldades é encontrar incentivo e fomento orçamentário por parte das instituições hospitalares e fontes pagadoras privadas ou públicas”, explica Daniel Paes, médico neurologista, membro titular da Associação Brasileira de Neurologia.
Uso do Doppler
Um dos aliados no diagnóstico e no tratamento do AVC é o doppler transcraniano, exame de ultrassom que mede a velocidade do sangue nas principais artérias do órgão (e, portanto, é capaz de detectar o risco de recorrência do AVC). De acordo com Paes, “o doppler pode trazer imediato auxílio na investigação etiológica da causa do AVC, contribuindo para a monitorização do tratamento e a avaliação prognóstica, como risco de colapso cerebral, ou ainda na recorrência precoce através da monitorização de sinais embólicos”.
AVC no Brasil
O AVC é a terceira causa global de morte e a primeira de incapacidade. A cada ano, 17 milhões de pessoas têm um AVC no mundo. Destas, 6,5 milhões morrem, sendo 100 mil no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com a perspectiva progressiva de envelhecimento da população, a tendência é que as ocorrências de AVC aumentem. O acidente é mais recorrente em pessoas acima dos 60 anos e o risco continua a aumentar com a idade, já que as artérias enrijecem pela acumulação de colesterol e o processo de aterosclerose, desenvolvido ao longo dos anos.
Fatores de risco
A probabilidade de ocorrência do AVC ocorrer é maior em pessoas de um ou mais grupos de risco: idosos, histórico de AVC prévio, hipertensos, cardíacos, diabéticos, fumantes, alcoólatras, obesos, sedentários, entre outros.
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