Semana passada, foi publicada a primeira parte da entrevista com o médico neurologista Dr. Daniel Paes Santos, clique aqui para conferir.
Hoje, encerraremos a reportagem sobre Alzheimer com a segunda parte da entrevista:
Health Connections - Quais são os principais desafios brasileiros no suporte às pessoas com DA?
Dr. Daniel Paes- Os desafios são inúmeros em um país de dimensões continentais com o processo progressivo de envelhecimento, onde essa doença vai causar grande impacto na população. Vão desde um reconhecimento adequado da prevalência e da incidência de novos casos da doença, até a construção de uma rede de cuidados, que vá desde a prevenção primária até um adequado processo de desospitalização e reintegração na comunidade, além de uma participação mais efetiva dentro dos processos investigativos na área da ciência relacionada às descobertas de novos tratamentos.
HC - O que é a neuroplasticidade?
DP - A neuroplasticidade se refere à capacidade evolutiva das células do sistema nervoso, principalmente o sistema nervoso central. Essa capacidade tangencia vários fatores, mas foca na capacidade de regeneração morfológica celular e/ou funcional, quando você tem outras células exercendo a funcionalidade das células que foram lesadas, feridas ou mortas em algum processo patológico.
HC - Há, além do tratamento farmacológico, algum tratamento ou terapia alternativa para a DA?
DP - Sim. Há uma extensa relação de terapia multiprofissional de acompanhamento do paciente. Além da reabilitação motora, da reabilitação neurológica e do próprio processo de reabilitação neuropsicológica, tratamentos alternativos, como segmentos da medicina chinesa, acupuntura etc, são ferramentas que podem ser úteis dentro de um processo de reabilitação de um paciente, que devem ser determinadas de acordo com o prazer e preferência dos mesmos.
HC - O senhor acha que, no futuro, pode existir uma droga para a super memória?
DP - Eu poderia dizer que, no futuro, a gente poderá controlar de maneira bem mais eficaz o processo neurodegenerativo da Doença de Alzheimer e conferir uma vida funcional mais longa e adaptada a esses pacientes, e que deverá existir, sim, um medicamento com efeitos mais efetivos no combate à doença.
Como conversado durante a entrevista, os desafios no Brasil em relação à doença Alzheimer são inúmeros: uma lógica de sistema de saúde que precisa se aperfeiçoar e aprender a trabalhar em rede, somada a um processo intenso de envelhecimento da população, que torna maior o número dos portadores da doença no país. Mas há também a esperança na descoberta de novas medicações ou até classes medicamentosas trazendo novidades ao tratamento, prevenção e talvez em algum no futuro uma terapia mais definitiva para a doença, que hoje representa grave desafio na saúde pública.
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